O coração de Braga ganhou uma nova vida quando Gonçalo Neto e António Oliveira, amigos de longa data, instalaram a sua taberna moderna. Na Tabique, a cozinha é contemporânea, com foco nas propostas tradicionais portuguesas reinterpretadas com técnicas e sabores dos quatro cantos do mundo — mas sobretudo a gastronomia asiática. Este spot, que já se tornou uma referência, partilha morada com o icónico bar Juno, aberto há 11 anos.
“O Juno está inserido no primeiro piso do prédio e este piso inferior era usado como armazém e estava num estado um pouco deteriorado. Alexandre Cristóvam é um amigo nosso e frequentava jantares que organizávamos em casa do António. Nestes jantares, descobrimos que até tínhamos jeito e gosto para a cozinha e o Alexandre apercebeu-se que haveria aqui uma janela de oportunidade para abrirmos um conceito gastronómico no piso inferior ao Juno”, começam por explicar Gonçalo e António, responsáveis pela Taberna Tabique.
Em 2018, esta dupla de amigos de 30 anos puseram mãos à obra para reabilitarem o espaço. As obras estenderam-se por dois anos e resultaram numa taberna moderna, com um ambiente descontraído e descomplicado. As cores neutras predominam no espaço. O que salta à vista são os candeeiros de estética escandinava e as cadeiras da antiga plateia do Theatro Circo.
Durante as obras, decidiram deixar à vista o tabique de madeira das paredes, acabando por dar origem ao nome do espaço. Desta sala com um ar mais vintage, segue-se uma mais luminosa e decorada com plantas — uma espécie de apresentação para a esplanada ajardinada que, tal como as restantes salas do espaço, convida a momentos de partilha e convívio à mesa. É neste pátio que encontra umas escadas com ligação ao Juno, para continuar com a diversão entre amigos pela noite fora com música ao vivo.
A abertura oficial deu-se a 15 de janeiro de 2020. Exatamente dois meses depois, a pandemia obrigou a uma nova fase de readaptação. “Desde o primeiro dia, que o nosso objetivo era termos um restaurante com pratos de partilha e com uma carta que rodasse, pelo menos, duas vezes por ano. Quando veio a Covid-19, estivemos um mês parados, a pensar no que poderíamos fazer para sobreviver a esta crise que afetou todo o mundo e começámos a apostar no take-away”, explicam.
O serviço de entregas da taberna baseou-se em sanduíches, uma das especialidades dos amigos — para fazer e comer, e que não faria tanto sentido ser uma proposta permanente na carta normal com o restaurante em funcionamento. “Para além de ser algo muito mais fácil de comer em casa e que chega bem durante o serviço de entrega”, justificam. Posteriormente, apostaram em pratos do dia, chegando a fazer entregas não só em Braga mas também no Porto.
Passado este período e quando a dinâmica voltou à normalidade, este spot bracarense voltou a apostar nos seus pratos de partilha. As propostas vindas da cozinha são da autoria de Henrique Almeida, chef responsável pelo espaço desde a abertura. A aposta é em produtos locais e nacionais, que são reinterpretados com fusões de todos os cantos do mundo. Contudo, para estes amigos era importante a experiência gastronómica como um todo e isso inclui a ligação da própria decoração do espaço com a oferta que é servida à mesa.
“O ponto de coesão entre ambas as coisas [decoração e comida] é que o restaurante é bonito e cuidado mas super informal. Na comida acontece a mesma coisa. Os pratos são super bem apresentados, com muito cuidado e com bons produtos, mas de uma forma muito descomplicada e descontraída”, sublinham.
Por outro lado, o ponto em comum que este spot tem com as tradicionais tabernas portuguesas, são as doses generosas que vão saindo da cozinha. O objetivo do espaço é convidar a provar diversas propostas, precisamente para testar os seus próprios limites gustativos. O menu muda, pelo menos, duas vezes por ano, seguindo uma linha de produtos sazonais. Nas propostas que mais se destacam no espaço há sempre uma adaptação para os produtos da época.
“Normalmente, temos uma carta com 15 pratos, sem contar com as sobremesas, ou seja, pelo menos cinco pratos de carne, seis de peixe e quatro propostas vegan. Por norma, mudamos dois ou três propostas em cada secção, mas a mudança que fizemos recentemente em novembro do ano passado, foi a mais drástica de todas, pois alterámos quase a totalidade de carta, menos os considerados ‘best sellers’, que muda um que outro ingrediente de acordo com os produtos da época”, revelam.
Nesse sentido, no verão destacam-se as propostas mais frescas e leves como saladas ou peixe cru. Já no inverno predominam pratos mais estufados e de conforto. Na carta destacam-se a espetada de boi galego com chimichurri (7,50€) ou o arroz de rabo de boi e pickes (20€). No peixe, pode escolher entre os panados de polvo com maionese de beterraba (15€), o caldo de peixe e algas (16€) ou a cabidela de lulas (20€).
Nas propostas vegan há cogumelos grelhados com creme de cajú e pesto de rúcula (9€) ou um estufadinho de feijoca e cenoura (12€). As sobremesas são outra grande aposta da carta, destacando-se a mousse de chocolate feita com 85 por cento de cacau, flor de sal, raspa de laranja e azeite (5€), o cheesecake basco (6€) ou o doce do Tabique (6€) com uma base de bolacha de gengibre com curd de maracujá, pão de ló de gengibre e natas de manjericão.
“As pessoas vêm de propósito pelas nossas sobremesas, especialmente pela mousse e pelo cheesecake basco. Até podem fazer a refeição noutro espaço da cidade, mas vêm à Taberna Tabique comer a sobremesa”, confessam.
Durante a semana, o espaço dispõe de dois pratos diários para escolher numa espécie de menu executivo. A sopa e o prato custam 12€ por pessoa. As propostas variam semanalmente, para dar “criatividade e liberdade” ao chef de experimentar diversos pratos. Esta semana as propostas variam entre penne com camarão e tomate assado ou frango assado com salada de feijão, na quarta-feira, pica-pau de atum e batata frita ou porco preto char siu, na quinta-feira, e lulas à Algarvia ou lasanha com ragu de costela mendinha, na sexta-feira.
Desde o ano passado, o espaço aposta ainda em eventos temáticos, num sábado por mês. “A ideia é ter um evento mais relaxado, sem reserva, apenas por hora de chegada e sem consumo mínimo obrigatório. É trazer na mesma conceitos gastronómicos mais convencionais e mudarmos e readaptarmos um pouco a dinâmica”, explicam.
Um dos eventos é o Tabique na Grelha, com propostas feitas na grelha, ou o “Há Brunch?” onde é servido o pequeno-almoço tardio com pratos asiáticos, por exemplo. Este tipo de eventos é sempre divulgado nas redes sociais do espaço.
Carregue na galeria para conhecer as propostas da Taberna Tabique.