Como todos bem sabemos, as famílias portuguesas aproveitam todas as oportunidades para se juntarem à mesa e comerem. Podem ser aniversários, festas de Natal ou simples anúncios importantes. É nestes momentos de convívio que nascem muitas paixões, pelo menos pela comida. Foi precisamente isso que aconteceu com a família de Carlos Ferreira, que até decidiu investir numa série de negócios em Braga, ligados ao comércio e à restauração.
“Tantos encontros à mesa fazem-nos apurar o paladar e tornam-nos mais críticos quanto à comida que confeccionamos em casa, mas sobretudo a que vamos comer fora. Foi isso que nos levou a investir no ramo da restauração, apostando sempre na tradição e no melhor que o nosso País tem para oferecer”, começa por contar o empresário à NiB.
Esta veia empreendedora já vem da bisavó que tinha uma mercearia no centro da cidade, a Pomar Sra-a-Branca, que entretanto passou para os filhos, e anos mais tarde ficou para os pais de Carlos. A ambição de manter viva a essência do comércio tradicional, levou a família minhota a adquirir a sociedade de diversos espaços históricos na cidade. Começaram pela A Favorita, um dos mais antigos cafés de Braga, com cerca de 90 anos e com uma das melhores esplanadas do concelho.
Seguiu-se a pastelaria com serviço à mesa Frigideiras da Sé, a pastelaria e confeitaria gourmet Rosil com mais de 50 anos de história, e ainda a São Vicente, doçaria com quase 200 anos de história e especializada nos doces conventuais. No ano passado, adquiriram a Adega Malhoa, restaurante tradicional português com pouco mais de duas décadas. Contudo, a família tinha a ambição de construir um negócio próprio de raiz, e foi assim que no passado 4 de março abriram, ao pé da Sé, o Bacalhau ao Alho.
Apesar de o restaurante apresentar uma decoração e um conceito mais moderno que os restantes estabelecimentos que compõem o portfólio da família, mantém a aposta firme nas receitas tradicionais.

“Nos últimos anos, os meus colegas da restauração têm investido em conceitos mais modernos, mais conceituados. Consideramos que a comida de panela começa a perder a sua singularidade. Apesar de no Bacalhau ao Alho termos um conceito mais moderno, mantemos bastante a tradição na confecção dos pratos”, confessa o responsável de 40 anos.
Quanto ao nome, não há uma grande mistério. A família queria um espaço que demostrasse a versatilidade do peixe, que muitas vezes é acompanhado, confeccionado ou marinado com alho. “Pensamos em nomes como Catedral do Bacalhau ou Casa do Bacalhau. Mas consideramos que eram nomes que demoravam muito a sair da boca. O escolhido tinha outra musicalidade que ficou assim que pensámos nele”.
A proximidade à Catedral da Sé é útil para atrair novos clientes, sobretudo turistas que está a conhecer a cidade e querem pratos de conforto com sabor ao Minho. Mas até agora, a casa também tem estado bem composta por estudantes ou funcionários daquela zona de Braga.
O Bacalhau ao Alho conta com 50 lugares distribuídos entre o salão e cadeiras ao balcão. Tem uma decoração mais elegante e composta, mas ao mesmo tempo é descontraído e convida a momentos de convívio à mesa.

É sob esta premissa de partilha que nas entradas do espaço pode encontrar propostas como tábuas de queijo e enchidos, pataniscas, ovos rotos tradicionais, salada de bacalhau ou alheira de caça. Existe ainda uma sugestão vegetariana, os cogumelos ao alho. A modernidade chega também com boa dose, com uns ovos rotos com bacalhau.
Como o nome indica, esta é uma casa autêntica de bacalhau e que pretende mostrar que pode ser comido a qualquer altura do dia e em diversas apresentações. Por isso, encontra o típico bacalhau à Braga, bacalhau com crosta de broa, bacalhau assado na brasa, massada de bacalhau com gambas e pataniscas com arroz caldoso.
“Apesar de o bacalhau ser o nosso ex-libris, temos algumas (poucas) propostas de carne. Mas a qualidade continua a ser a nossa prioridade, daí trabalhamos com a carne Arouquesa”, explica. Entre as duas propostas para os carnívoros encontra escalopes da casa ou uma posta Aroquesa.
Para os vegetarianos, há feijoada de cogumelos e para os miúdos, o tão popular hambúrguer. O preço por pessoa com entrada, prato, bebida e sobremesa ronda os 20€.
O espaço tem ainda disponível um menu de almoço, por 13€, que inclui couvert, sopa, prato, uma bebida e café. O prato varia diariamente, com a possibilidade de os clientes escolherem entre uma opção de carne, peixe ou vegetariano. Há opções como bife da vazia, bacalhau à brás ou linguini com legumes, por exemplo.
Na carta das sobremesas, temos de destacar o pudim abade de priscos, a pera borrachona, o cheesecake e o brownie, por 4€ a 6€.