Antes da pandemia, dizia-se que Braga era a cidade com mais restaurantes por mil habitantes no País. Apesar dos chefs e empresários do concelho tentarem manter viva a gastronomia minhota, nos últimos anos têm chegado os mais variados conceitos gastronómicos na tentativa de “modernizar” as experiências à mesa. É o caso do Maria Miguel, que junta o pequeno-almoço tardio (brunch) às tapas.
O brunch “mais boémio de Braga” nasceu no verão de 2023, pelas mãos de Catarina Soares. A empresária de 35 anos é formada em Biotecnologia Alimentar, mas há uma década abandonou a profissão para se dedicar a sua paixão: a gastronomia.
Foi da avó Pureza de quem herdou esta veia empreendedora. Ela tinha uma mercearia na pequena aldeia de Crasto, em Ponte da Barca, e foi lá que a empresária passou a sua infância com a família. Catarina ainda se lembra que na loja da avó tudo tinha um sentido. As prateleiras estavam cuidadosamente alinhadas, pois exibiam um tesouro de produtos que contavam histórias, desde o azeite vindo da aldeia ao mel recolhido das colmeias locais. Essa acabou por ser a sua inspiração para criar espaços onde cada produto tenha um “toque humano”.
Enquanto estudava, Catarina foi acumulando part times em restaurantes e cafés, não só para pagar as contas, mas também para “alimentar” esta paixão pelo ramo da restauração, mas sobretudo, o contacto com o público. O seu gosto especial pelos bolos e sandes levou-a a abrir o Cantinho MiniMeu, em Arcos de Valdevez, em 2016.
A ambição de crescimento foi algo sempre presente nos planos de Catarina, que transformou o “cantinho” num grupo de restauração de sucesso no Minho. Em 2019, abriu a mercearia Pureza. Seguiu-se a conquista até Ponte de Lima, em 2020, com o café Maria Rosa. Dois anos depois chegou até Braga, cidade com a qual tem uma especial ligação.
“A minha família materna é toda dessa cidade e sempre fiz e ainda faço questão de ir frequentemente até lá. É uma zona querida e muito importante para mim, era um sítio onde queria estar e um sonho levar o grupo MiniMeu a uma cidade grande”, admite. O primeiro espaço foi o Maria Luísa, mais tarde nasceu o “irmão”, o Maria Miguel, que conta com uma popularidade imbatível.
Os apelidos dos espaços Maria são, na verdade, nomes próprios de membros da sua família — como sobrinhos e irmãos.
Até ao momento, o Maria Miguel foi o projeto mais ambicioso da minhota. Principalmente porque o seu sonho era estar no centro de Braga. “É um sítio que está sempre no meu coração. Quando éramos miúdos íamos para lá. Era a cidade grande. Estar no centro histórico sempre foi um dos meus objetivos”, admite.
Há oportunidades que surgem como mero acaso e foi isso que aconteceu com o Maria Miguel. Inicialmente, Catarina procurava uma loja para abrir uma mercearia. Quando encontrou o espaço que hoje é o restaurante, apercebeu-se do potencial que tinha — e não era propriamente para produtos a granel. Ao contrário dos outros cafés e brunches do grupo, o Maria Miguel estende a carta para todas as alturas do dia. Por isso, tanto pode comer umas panquecas às 10 horas da manhã, como ao jantar, se lhe apetecer. Ou então, pedir apenas uns noodles de arroz ao pequeno-almoço. É tudo questão de vontades.
Mal entra no espaço vai sentir-se em Bali e não em Portugal. Os tons bege e terra predominam no ambiente, acompanhados por muita vegetação a decorar toda a loja. Existem plantas nas mesas, no teto, no balcão, penduradas, em vasos ou nas paredes. No coração de Braga, pode dizer-se que este “all day brunch” esconde um refúgio urbano, isto porque além dos seus 40 lugares no interior, mais quatro na esplanada, conta com mais 15 lugares na esplanada interior — um autêntico jardim escondido, onde poderá refugiar-se nos dias mais quentes que aí vêm.
“O Maria Miguel junta as tendências de decoração e gastronomia com a atmosfera acolhedora e o carinho de quem gosta de receber, como se estivesse em casa. Mantendo os sentimentos tão característicos do grupo, o restaurante Maria Miguel destaca-se por ser o cantinho” mais boémio do grupo”, defende a fundadora.
Quanto à carta, o espaço mistura uma boa seleção de tapas, cocktails e pratos para o almoço com inspiração portuguesa como o bacalhau ou o polvo. É uma homenagem ao receituário português, mas com um toque boémio. Ainda assim, as grandes estrelas dos espaços são as panquecas e os chás.
“O nosso foco são sempre os ingredientes frescos e sazonais, com pratos criativos e descontraídos, para que qualquer um que nos visite tenha uma boa experiência todos os dias”, explica.
Na nova carta do espaço vai encontrar propostas como rosti de batata e salmão (9€), tosta de cogumelos (8,50€), ovos benedict ou mexidos (a partir de 7,50€), noodles de arroz salteado com cogumelos (10,95€), ou focaccia césar ou de burrata (8,50€).
A grande novidade é que, agora, os clientes podem ser chefs do espaço e criarem as próprias panquecas. A massa e os ingredientes frescos são os elementos que destacam esta especialidade que deu popularidade à casa, mas agora quem por lá passa vai ter a oportunidade de criar a panqueca ao seu gosto. Para isso, basta escolher a massa tradicional (2,60€) ou de aveia (3€). O prato inclui três panquecas e depois basta escolher a cobertura com escolhas como creme de Biscoff, doce de leite, açúcar e canela, caramelo salgado, chocolate, entre outras (entre 0,30€ e 2€).
Pode escolher ainda cremes para rechear as panquecas. Chocolate, american cookie, kinder bueno e crumble de avelã são algumas das opções, com preços a partir de 1,20€. Pode ainda acompanhar com fruta ou uma bola de gelado. Neste caso, o valor aumenta consoante as escolhas.
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