cultura

Dança, jazz e uma homenagem a Carlos Paredes. Tudo o que pode ver no gnration em fevereiro

A sala cultural mais moderna de Braga tem uma programação bem eclética para o mês mais curto do ano. Ainda há bilhetes à venda.
Ben Chasny vai homenagear o mestre da guitarra portuguesa, Carlos Paredes.

“A nossa programação é muito mais dedicada à arte e à música contemporânea, passando pelos seus diversos estilos, da eletrónica, ao jazz à pop, mas com uma linguagem, digamos, um pouco mais desafiante”. Estas foram as palavras que Ilídio Marques, membro da direção artística do gnration usou para descrever à NiB a eclética programação que o espaço iria receber até abril. Apesar de ainda faltarem dois meses para o encerramento do primeiro programa artístico do espaço cultural do ano, pode dizer-se que fevereiro será recheado de eventos que exploram a arte e música, de diversas perspetivas.

A agenda do mês inclui dança, música contemporânea, jazz e a vida e obra de Carlos Paredes. A programação arranca esta sexta-feira, 7 de fevereiro, com o concerto de Francisco Fontes, sexto convidado do ciclo “Radiografia”. Natural de Braga, o jovem tem vindo a destacar-se no panorama da música contemporânea nacional e internacional. Foi distinguido em 2019 com o Prémio de Composição SPA/Antena 2, colaborou com o FIO — Festival Informal de Ópera e em projetos como “Traction — Opera co-creation for a social transformation”, com jovens do estabelecimento prisional de Leiria.

Na sexta-feira, Francisco irá apresentar algumas das obras que têm vindo a compor num concerto “muito especial” e num registo mais intimista. Estará acompanhado por Raquel Mendes, Ana Isabel Santos, Pluris Ensemble e João Miguel Braga Simões. Será ainda apresentada pelo jovem músico, uma video-dance criada em parceria com a coreógrafa Daniela Cruz e o realizador André Constantino.

Ainda no primeiro fim de semana do mês, Vera Mantero e Susana Santos Silva juntam-se em “Zona Franca”. No domingo, 9, a dupla apresenta “Cloud Nine” (nuvem nove, em português), depois de ter passado pelo GUI dance — Festival Internacional de Dança Contemporânea em Guimarães no dia anterior. Nesta nova obra, as duas artistas cruzam dança e música. Trata-se de um projeto de improvisação sobre o movimento, os gestos e as palavras. Foi criado durante uma residência artística no Arts Centre Buda, em Kortrijk (Bélgica).

A 14 de fevereiro, sexta-feira, o Dia dos Namorados ganhará um outro significado, mas igualmente (ou ainda mais) especial. O Six Organs of Admittance e Noberto Lobo têm encontro marcado para celebrar a influência e o espírito de Carlos Paredes, o grande mestre da guitarra portuguesa.

Assumidamente admiradores de Carlos Paredes, Noberto Lobo dedicou-lhe o seu disco de estreia “Mudar de Bina” (2007) enquanto Ben Chasny, nome por trás de Six Organs of Admittance, é o grande responsável pela reedição além-fronteiras, em 2011, dos álbuns “Guitarra Portuguesa” (1967) e “Movimento Perpétuo” (1971), que introduziu toda uma geração internacional à música do português. Este concerto está inserido num ciclo de comemorações oficiais do centenário do nascimento de Carlos Paredes.

Inspirado pelo “Organic Music Society” (1972) de Don Cherry, GRIOT 3000 é um novo projeto intercontinental de seis artistas na improvisação multicultural de não-jazz. Vindos de África, Braima Galissá (da Guiné-Bissau e na kora) e Dudu Kouaté (do Senegal e na percussão) juntam-se aos brasileiros Rodrigo Brandão (no spoken word) e Thiago Costa (na guitarra), e aos portugueses Luís Vicente (no trompete) e Carla Santana (eletrónica). Esta formação inédita estreia-se em três salas nacionais. Uma delas é no gnration, com paragem marcada para o próximo sábado, 22.

A programação para fevereiro continua ainda no universo do digital. No ciclo “Órbita”, Polido estreia “Espaço Perfilado”, uma nova peça sonora que dialoga com a exposição “Ana Vieira: Cadernos de montagem”, patente até 9 de março, no Centro de Arte Oliva e que virá, no final de abril, para o gnration. Músico e artista multidisciplinar, Polido junta beats e gravações pessoais a samples da história da música portuguesa e de fenómenos sociopolíticos. Para ouvir gratuitamente, nos canais online do gnration, a partir de 26 de fevereiro.

Quanto à programação online do espaço cultural, trata-se de uma espécie de “filho pandémico” e é o resultado de um conjunto de performances que são filmadas dentro de portas, envolvendo peças sonoras ou audiovisuais. Artistas e realizadores são desafiados a criarem uma peça, a partir de uma peça já criada por estas figuras.

“Um músico compõe uma banda sonora para uma peça de vídeo criada por um realizador, e vice-versa, e depois fica disponível no nosso site. Consideramos que é uma vertente importante porque permite usufruir a partir de casa ou à distância, não sendo necessário estar em Braga para usufruir de um programa cultural”, defende a direção artística.

Os bilhetes para os espetáculos já se encontram à venda online ou na bilheteira local. Os preços variam entre os 7€ e os 12€.

Carregue na galeria para espreitar as estreias e os regressos de séries à televisão portuguesa e ao streaming.

MAIS HISTÓRIAS DE BRAGA

AGENDA