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É oficial: esta histórica livraria de Braga já tem um “cantinho” dedicado às artes performativas

A inauguração da nova sala, no primeiro piso da Casa Rolão, aconteceu no dia 17 de fevereiro. A NiB conta-lhe tudo.
A nova sala.

A Livraria Centésima Página é uma referência entre os bracarenses (e não só) que procuram um espaço criado especialmente a pensar nos livros e nas diversas atividades que se podem fazer a partir deles. 25 anos depois da sua fundação, este espaço cultural inserido no coração do concelho, inaugurou no passado dia 17 de fevereiro, segunda-feira, uma sala dedicada exclusivamente a obras que exploram as mais variadas artes performativas.

“Ainda antes da pandemia de Covid-19, já andávamos a pensar criar um local, um corner (cantinho) para as áreas das artes performativas, da música, do cinema e da dança. É um espaço pensado para esta oferta de livros ter um destaque especial. Ao estarem mais isolados, ficam mais visíveis. Foi, de certa forma, uma maneira de celebrar os nossos 25 anos, feitos em novembro passado”, começa por contar à NiB Helena Veloso, uma das responsáveis pelo espaço. 

Este novo corner insere-se no primeiro piso da Casa Rolão, edifício barroco histórico e bem característico da arquitetura bracarense que acolhe a livraria desde 2005. Por cá, para além de encontrar obras que exploram a temática da música, cinema, dança, ensaios de arte, há ainda referências especializadas em ilustração e uma seleção de vinis por descobrir. 

À semelhança do que acontece no piso inferior da livraria, a decoração rústica, em pedra, madeira e em tons neutros, cria um ambiente acolhedor que convida a (re)descobrir com tempo, novas obras favoritas. Tem ainda uma seleção de peças de autor, disponíveis à venda mas que, em simultâneo, decoram o espaço.

A aposta nesta área em específico deve-se também ao grande investimento da cidade neste tipo de artes. Em Braga há grandes escolas de música, como é o caso do Conservatório Gulbenkian. Por outro lado, também já existem academias de dança com muito prestígio e com prémios internacionais. 

“Sinceramente era uma oferta que sempre tentámos ter neste espaço mas que se perdia um pouco no meio dos outros livros. Portanto quando no ano passado surgiu a oportunidade de ocuparmos também o primeiro piso da casa que entretanto tinha ficado vazio, foi exatamente isso que fizemos. Criámos uma sala dedicada, no fundo, à temática essencial da música, do cinema, da dança e de outros ensaios de artes do género”, defendem.

A Livraria Centésima Página nasceu a 26 de novembro de 1999, junto à Faculdade de Filosofia da Universidade Católica, pela vontade de três amigas, Helena Veloso, Sofia Afonso e Maria João (que entretanto deixou o projeto) de manter viva a essência das “boas livrarias” na cidade.

Tem um jardim.

Em 2005, com o objetivo de contornar a eminente possibilidade do projeto estagnar, as responsáveis mudaram a livraria para a Casa Rolão, um edifício do século XVIII inserido em plena Avenida Central, que estava abandonado e ganhou uma nova vida nessa altura. Apesar da proximidade com o centro de Braga, uma vez passadas as portas deste espaço, sobressai o silêncio que convida a perder-se nos mundos e universos que encontra nas mais de 30 mil referências aí presentes.

Ao longo destas mais de duas décadas, a Centésima Página tem lutado para manter a sua essência de “vender diversidade, sem favorecer nichos nem ceder as tendências populistas do mercado”. Superaram a crise do setor editorial que acabou com muitas livrarias e distribuidoras a nível nacional, muito pela pressão para a uniformização da oferta de livros e pela chegada de empresas com uma oferta mais comercial. A crise financeira de 2008 foi mais um desafio a par da ameaça do mundo digital acabar com o livro em papel.

“Foi uma espécie de sentença de morte anunciada para os livros de papel. Contudo, passados uns anos, começámos a reparar que veio uma tendência ou virada mais retro e vintage e que as pessoas voltavam a investir em visitar espaços comerciais e aproveitar uma boa leitura em papel. Foi algo que notamos não só nos livros mas no comércio de rua, em geral”, admitem.

Contudo, em 2020, chegaria mais uma crise e uma época mais dramática e cheia de incertezas: a pandemia. “Foi a pior de todas porque não sabíamos mesmo o que esperar. Mas a união faz a força e foi aí que criámos a RELI — Rede de Livrarias Independentes. Foi um elo importante para nos promover uns aos outros e dinamizar diversas campanhas para sairmos vivos da pandemia”, acrescentam.

Contudo, não é apenas de livros que vive a Centésima Página. No piso inferior, os clientes podem contar com um belo jardim, onde as proprietárias aproveitaram para abrir um café e convidar todos a sentarem-se, beberem um café, comerem uma fatia de bolo e lerem um novo livro.

Para além disso, o espaço aposta numa forte agenda cultural, recebendo não apenas tertúlias ou lançamento de livros, como também uma oficina de tricô ou concertos intimistas. “Estamos abertos a todo tipo de eventos e iniciativas que deem uma nova vida aos livros e à Centésima Página, sempre que se adeque ao espaço e aquilo que acreditamos”, adiantam. 

Recentemente, receberam uma atuação inserida no festival SQUARE, que passou por Braga, Guimarães e Famalicão, sendo que também são casa do mais recente clube de leitura municipal. No próximo dia 20 de março, quinta-feira, acontece mais uma tertúlia inserida no décimo aniversário da iniciativa “Face to Face, Book to Book”. No dia seguinte, assinala-se o Dia Mundial da Árvore e da Poesia, com uma sessão especial. No final do dia, é a vez de mais uma sessão do “Paradoxo — Bookclube para Desassossegados”.

No dia 2 de abril, será apresentado o livro “Tinta Invisível” com Javier Peña e no dia 5 desse mês há uma sessão de leitura de contos originais com Marinho de Pina. Pode consultar a agenda do espaço online. 

Quanto aos livros, tem milhares de referências por onde escolher. Pode ler um no espaço, comprar na loja ou encomendar no site. Os preços começam nos 8€. Carregue na galeria para conhecer alguns dos livros que pode encontrar por lá.

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FICHA TÉCNICA

  • MORADA
    Av. Central, 118-120
    4710-229 Braga
  • HORÁRIO
  • Segunda-feira a sábado das 9h às 19h30

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