A Cave Coletivo, espaço de Artes Visuais em Braga e a VLP — Veloso&Associados, estão a promover um Concurso de Pintura Mural. O objetivo é criar uma obra artística na parede de um pátio interior, situado num edifício histórico da cidade, especificamente no número 16 da Rua de Nossa Senhora do Leite. O concurso visa selecionar um projeto artístico para pintura mural que valorize a história, identidade e cultura do espaço envolvente, promovendo a arte como elemento integrador e transformador do património.
O concurso e a obra têm como mote “Ecos do Feminino: Da História à Arte”. Nesse sentido, os participantes são desafiados a criar um mural que explore a relação entre a história da estátua da Senhora do Leite, localizada na Sé Catedral de Braga e o poder feminino nos dias de hoje.
A Sé de Braga é a catedral mais antiga do País, tendo sido consagrada em 1809, sendo um dos monumentos mais procurados por quem visita a cidade. Apesar de todos os detalhes que tornam este edifício um ícone na cidade, a estátua de Nossa Senhora do Leite é um dos principais pontos de interesse no interior da catedral. A estátua de 1519 é da autoria de Nicolau de Chanterene. Além de ser considerada um símbolo da fertilidade, é uma imagem basta rara e muitos atribuem-lhe a capacidade de conceber milagres. Representa a Virgem Maria amamentando o filho Jesus, numa clara referência à maternidade.
Contudo, os habitantes da antiga Bracara Augusta do período romano atribuíam os valores da fertilidade e da maternidade à deusa egípcia Ísis. Acredita-se que no local onde a Sé de Braga foi construída, existia um templo de Ísis. Apenas a alguns metros da estátua da Nossa Senhora do Leite, encontra uma inscrição na parede dedicada a Ísis. 1.900 anos depois da construção do templo de Ísis e 500 anos depois da colocação na Sé da escultura da Senhora do Leite, esta coincidência leva os turistas até à catedral.
Nesse sentido e, segundo o que Carla e Fil, fundadoras d’A Cave Coletivo explicam à NiB, a obra apresentada deve refletir “o simbolismo histórico da Senhora do Leite, frequentemente associada à maternidade, fertilidade e cuidado, bem como a evolução e o impacto do poder feminino na sociedade contemporânea, destacando a sua força, resiliência e papel transformador e a conexão entre o passado e o presente, integrando elementos que unem a herança cultural ao contexto atual”, acrescentam.
No concurso podem participar artistas portugueses ou estrangeiros, com residência legal no País. A participação pode ser individual ou em grupo, com máximo de três membros por equipa. Cada participante poderá submeter apenas uma proposta.
“A obra deve respeitar os valores históricos e culturais do edifício e da cidade de Braga, promovendo a harmonia entre o mural e o contexto arquitetónico”, relembram as criativas, reforçando que não serão aceites propostas que contenham conteúdos ofensivos, discriminatórios ou que incitem a qualquer forma de violência.
As candidaturas podem ser feitas até 2 de maio, sexta-feira. O vencedor deverá ser anunciado no dia 20 de maio. Durante o mês de junho, o vencedor deverá executar a pintura no mural. O artista ou equipa vencedora receberão um prémio monetário de 5.000€, além da cobertura total dos materiais, recursos e estruturas necessárias para a execução da obra. Pode consultar mais informações e o regulamento de participação no site d’A Cave Coletivo. As candidaturas são feitas na mesma plataforma online.
O atelier original onde todos podem ser artistas
Em novembro de 2022, Carla Gonçalves e Fil Oliveira cumpriram um sonho, ao mesmo tempo que revolveram uma lacuna existente em Braga: fundaram um espaço que celebra as artes plásticas. Para estas duas artistas e amigas de longa data, a cidade precisava de uma casa artística que fosse mais do que um atelier — teria de ser um local onde todo o tipo de artistas, aspirantes ou prodígios, “pudessem ser, estar e expressar-se através de qualquer que fosse a sua arte”.
Foi assim que nasceu A Cave Coletivo. Ora, um espaço batizado com este nome precisamente por estar numa cave, mas também por ser aconchegante, capaz de acolher todo tipo de pessoas. Esse também é o objetivo. Além de tudo isso, Cave é acrónimo para Centro de Artes Visuais Etcétera.
Aqui, o ‘etcétera’ ganha importância, porque esta dupla de artistas está sempre à procura de algo mais. Apesar de Carla e Fil serem o rosto do atelier, pretendem receber mais artistas para desenvolverem aulas e workshops com elas ou individualmente. Existe ainda a possibilidade de apresentarem apenas o seu trabalho por ali. Outra vantagem desta Cave original é que está aberta a miúdos a partir dos cincos anos e para seniores até aos 100 anos.
N’A Cave, tanto pode aprender sobre pintura e desenho, como fotografia, teatro, cerâmica e até música. Aqui, há espaço para todas as artes. Durante a semana, a dupla recebe diversos workshops para miúdos e adultos.
Confira na lista abaixo a lista de oficinas em que pode participar no mês de março.
1 de março — Oficina para jovens e adultos de desenho de figura humana, 25€.
5 de março — Workshop de máscaras para miúdos a partir dos oito anos, 25€.
5 de março — Workshop de cerâmica para miúdos a partir dos oito anos, 35€.
8 de março — Workshop de cerâmica para jovens e adultos, 35€.
15 de março — Oficina de pinturas da banana para miúdos, 28€.
22 de março — Oficina de gravura em linóleo (carimbos) para miúdos e adultos, 25€.
29 de março — Oficina de pintura “arte sem regras” para adultos, 21€.
Pode consultar a agenda nas redes sociais da marca, bem como inscrever-se nas oficinas disponíveis. Recentemente, o artista Bordalo II trouxe um novo mural à cidade. Carregue na galeria para conhecer a nova pintura do artista, bem como o seu mais recente projeto artístico em crítica ao (des)alojamento local.
