cultura

Histórica peça criada no século XIX vai estar em cena em Braga este fim de semana

"Il trionfo del Tempo e del Disinganno" é uma produção do Teatro Nacional de São Carlos. Ainda há bilhetes à venda.
Uma oportunidade imperdível.

O grande dilema entre planear cada aspecto da vida ou vivê-la. Esse é o debate central da obra “Il trionfo del Tempo e del Disinganno” (o triunfo do tempo e do desengano, em tradução livre). Trata-se de uma oratória criada em 1707 e que marcou a estreia de George Frederic Handel neste estilo musical, numa altura em que vigorava a proibição pontífica de encenar óperas.

A obra vai estar em cena no Theatro Circo, em Braga, no sábado e domingo, 26 e 27, com espetáculos marcados às 21 horas e às 16h30, respetivamente. As datas encerram a digressão pelo Pais desta produção do Teatro Nacional de São Carlos, proveniente do Festival Internacional de Buxton. Conta ainda com encenação de Jacopo Spirei, libreto de Benedetto Pamphilj e direção musical de Michel Hofstetter.

Apesar de ter sido escrita em pleno século XIX, a pedido do cardeal Benedetto Pamphili, a peça aborda temas que se encaixam nos dias de hoje. Acompanha a história de quatro personagens em pleno jantar de Natal: Beleza, Prazer, Tempo e Desengano. Onde a Beleza debate-se entre os argumentos apresentados por Tempo e Desengano por um lado, e Prazer do outro, sobre fazer algo da vida ou vivê-la ao máximo.

Jacopo explica que fazer uma versão em concerto desta peça teatral foi “desafiante”, por se tratar de “uma obra muito filosófica apesar de ter sido escrita por um cardeal católico, que trouce elementos seculares”.

No fundo, são quatro personagens fechados numa casa a debater grandes temas, num período especial em que as famílias se reúnem, e inevitavelmente, certas coisas vêm ao de cima, tal como acontece nos dias de hoje.

“É uma peça de teatro muito contemporânea, pois aborda temas clássicos. Ninguém fica belo e jovem para sempre, e o que vamos fazer? Investir na imagem, no sucesso imediato ou fazer alguma coisa da vida?”, explica o encenador.

A obra tenta refletir sobre as escolhas, como por exemplo os mais jovens que se questiona se devem investir nas carreiras ou continuar a viver sem preocupações. Nesse sentido, a Beleza tem de fazer uma escolha entre o Prazer — viver a vida ao máximo — ou entre o Tempo e o Desengano — crescer, tornar-se mais velha e fazer alguma coisa com a vida.

“Esta é uma viagem profundamente pessoal — uma exploração do que a vida promete e o que ela realmente cumpre. A minha esperança é que este espetáculo provoque uma conversa entre o público. Oferecemos perguntas, não respostas, na esperança de que essas perguntas permaneçam por muito tempo após o espetáculo, inspirando a reflexão e a discussão”, sublinha o criativo.

No palco a interpretar esta peça, vão estar as sopranos Eduarda Melo e Ana Vieira Leite, que interpretam Beleza e Prazer, respetivamente, a meia-soprano Cátia Moreso como o Desengano, e o tenor Marco Alves dos Santos, como o Tempo, acompanhados da Orquestra Sinfónica Portuguesa.

Os bilhetes para ambas as sessões custam 20€. Pode comprá-los online ou na bilheteira local. Os portadores do Cartão Quadrilátero pagam 10€. A sessão de domingo conta com audiodescrição.

FICHA TÉCNICA

  • MORADA
    Av. da Liberdade, 697
    4710-251 Braga

MAIS HISTÓRIAS DE BRAGA

AGENDA