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Julho é de Jazz regressa a Braga com concertos imperdíveis e sessões de cinema

A cidade volta a receber os fãs deste estilo musical, com nomes como Vijay Iyer, David Murray, Ricardo Toscano e Zoh Amba.
Mary Halvorson é um dos destaques do festival.

Em julho, Braga não é apenas sinónimo de calor, mas também de criatividade, liberdade e música sem limites. Entre 2 e 12 deste mês, a cidade acolhe a 11.ª edição do festival Julho é de Jazz, que regressa aos seus dois palcos icónicos: o histórico Theatro Circo, inaugurado em 1915 e classificado como Monumento de Interesse Municipal, e o contemporâneo gnration, espaço cultural de referência local.

A parceria entre estas duas instituições já se tornou uma marca distintiva da iniciativa, com uma programação que reúne o melhor da música improvisada, do jazz vanguardista ao experimental. Criado há dez anos, o festival tem como missão abrir Braga à cena internacional do jazz, sem esquecer os talentos emergentes, sobretudo os oriundos da região.

“Este festival é uma porta de entrada para a expressão artística contemporânea, onde a tradição e a experimentação dão as mãos. Do ambiente caloroso do pátio do gnration ao requinte histórico do Theatro Circo, o programa aposta na diversidade sonora: piano telepático, free jazz explosivo, fusões eletrónicas e jovens promessas do jazz nacional e internacional. Já a sessão de cinema cruza a música com imagens lendárias, celebrando a cultura negra e a herança do jazz. Um convite imperdível para apaixonados e curiosos”, explicam Luís Fernandes e Ilídio Marques, diretores artísticos do Theatro Circo e do gnration, respetivamente.

A abertura está marcada para 2 de julho, quarta-feira, com a exibição do filme afrofuturista “Space Is the Place” (1974), protagonizado por Sun Ra, no Theatro Circo. No dia seguinte, o palco do mesmo espaço recebe o aclamado Vijay Iyer Trio, que se estreia em Braga. Conhecido pela fusão entre tradição, matemática e emoção no piano, Iyer apresenta-se acompanhado por Jeremy Dutton (bateria) e Harish Raghavan (contrabaixo), numa atuação que promete marcar o início do festival.

A 4 de julho, o gnration acolhe o duo formado por Ricardo Toscano e Gabriel Ferrandini, dois dos músicos mais conceituados do jazz português. Depois de passarem individualmente por esta sala, regressam juntos para apresentar “Unpredictable Sessions” (2024), álbum gravado em apenas dois dias, onde a espontaneidade foi a força motriz. A atuação promete ser “intensa e inesquecível”.

O pátio do gnration irá receber uma formação inédita, criada especialmente para o festival, que irá atuar na tarde de dia 5: a guitarrista Ava Mendoza, reconhecida pela sua ousadia, junta-se ao contrabaixista Brad Jones e ao lendário percussionista Hamid Drake, que atua pela primeira vez em Braga. Esta é uma estreia absoluta, sem registos prévios, um privilégio para o público.

À noite, o Theatro Circo recebe o saxofonista David Murray, uma das maiores referências do jazz, que se apresenta pela primeira vez nesta sala, acompanhado pelo seu quarteto de luxo: Luke Stewart (contrabaixo), Russel Carter (bateria) e Marta Sanchez (piano). O repertório inclui temas dos álbuns “Birdly Serenade” e “Francesca”, este último destacado em 2024 por publicações como “Downbeat”, “Jazzwise” e “New York Times”.

A programação cinematográfica prossegue a 9 de julho, com o documentário “Inside Scofield” (2022), que oferece uma visão íntima da vida e carreira do guitarrista John Scofield, figura central do jazz contemporâneo.

No segundo fim de semana, a 10 de julho, a jovem saxofonista norte-americana Zoh Amba estreia-se em Braga com o seu Zoh Amba Sun Ensemble. Aos 24 anos, tem sido elogiada por figuras como John Zorn e William Parker, e apresenta-se acompanhada por Lex Korten (piano) e Miguel Marcel Russell (bateria). Esta atuação é aguardada com grande expectativa pelos seguidores do jazz espiritual.

A 11 de julho, o Theatro Circo volta a receber Mary Halvorson, guitarrista e compositora, agora com o seu Amaryllis Sextet. O grupo apresenta o álbum “About Ghosts”, que incorpora elementos eletrónicos à sua já sofisticada instrumentação. O sexteto inclui Patricia Brennan (vibrafone), Nick Dunston (contrabaixo), Tomas Fujiwara (bateria), Jacob Garchik (trombone) e Adam O’Farrill (trompete), formando um verdadeiro microcosmo de criatividade.

No dia do encerramento, 12, atua o jovem quarteto Fourward, com raízes em Braga, que apresenta temas do seu álbum de estreia no gnration. José João Viana (guitarra), Gonçalo Cravinho Lopes (baixo/contrabaixo), Simão Duque (trompete) e Tomás Alvarenga (sintetizadores/bateria) representam a nova geração do jazz nacional.

À noite, o Theatro Circo acolhe a Orquestra Jazz de Matosinhos, que se junta ao trompetista Peter Evans para um concerto em homenagem aos discos “Miles Ahead” e “Porgy & Bess”, de Miles Davis. Evans, figura central do jazz experimental, estreia-se nesta colaboração sob a direção musical de Pedro Guedes, recriando o som orquestral que marcou uma era.

Os bilhetes para os concertos e sessões de cinema e concertos variam entre 4€ e 12€, podendo ser adquiridos individualmente ou através de passes semanais, por 25€, — estão disponíveis para compra nas bilheteiras físicas das duas salas, e também online ( Theatro Circo e gnration).

 

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