Com o corpo de um ex-atleta universitário, o charme de um rei do baile de finalistas e a atenção constante das mulheres, Benny representa o arquétipo perfeito do jovem popular americano. No entanto, por detrás dessa fachada, esconde um segredo: a sua verdadeira identidade sexual. É a partir deste conflito interno que nasce “Overcompensating”, a nova série da Prime Video que estreou a 15 de março e que já se posiciona entre os conteúdos mais vistos da plataforma em Portugal.
A produção é protagonizada, escrita e criada por Benito Skinner, conhecido nas redes sociais como Benny Drama, onde ficou popular pelos seus sketches humorísticos e imitações de celebridades como Kris Jenner. A série foi escrita ao longo de seis anos e baseia-se parcialmente na experiência pessoal do autor, em particular na sua jornada de aceitação enquanto homem homossexual.
A história acompanha Benny (interpretado pelo próprio Skinner), um ex-jogador de futebol que tenta esconder a sua sexualidade ao entrar na universidade. Ao longo dos episódios, a série aborda temas como identidade, masculinidade tóxica e a necessidade de encontrar um lugar no mundo. É através da amizade com Carmen (Wally Baram), uma estudante destemida, que Benny começa a questionar as suas escolhas e a confrontar quem realmente é.
“Quando fui para a universidade senti que me prometeram um campus muito diversificado, onde as pessoas podiam ser gays e assumidas”, contou o criador à revista “Harper’s Bazaar”. “Mas quando cheguei, a realidade era outra. Não havia muitos homossexuais.”
Desde pequeno, Skinner percebeu que era diferente dos amigos. Criava coreografias ao som de “Oops! … I Did It Again”, de Britney Spears, e gostava de brincar com bonecas. Embora os pais o tenham apoiado, o ambiente escolar, marcado por valores católicos, revelou-se menos acolhedor.
No quarto ano, apaixonou-se por um colega da equipa de futebol e decidiu seguir o mesmo caminho. “Percebi que, quando vestia a camisola, todos me tratavam de forma diferente. Chamavam-me garanhão e perguntavam-me se tinha namorada. Era tão diferente, então pensei: ‘Isto é muito bom. Talvez possa tentar ser esta pessoa.'”
Esta fase da vida inspirou “Overcompensating”, onde a masculinidade tóxica do protagonista serve como escudo para esconder quem é. “Foi assim que vivi a minha vida durante 20 anos”, confessou Skinner.
A série tem oito episódios com menos de 40 minutos cada e conta com um elenco que inclui Adam Dimarco (“The White Lotus”), Mary Beth Barone, Rish Shah, Nell Verlaque, Kaia Gerber e Owen Thiele. Há ainda participações especiais de Connie Britton e Lukas Gage, também de “The White Lotus”, e da cantora Charli XCX, responsável pela banda sonora e produção, em conjunto com Jonah Hill.
Além do sucesso nas visualizações, a crítica tem sido generosa com o projeto. O “The Guardian” destaca a mistura equilibrada de drama e comédia. “Apesar das brincadeiras, o tom dominante acaba por ser de uma sinceridade profunda. As tentativas de crescimento pessoal de Benny são temperadas com humor picante, mas, na sua essência, é uma série sincera sobre abraçar o seu verdadeiro eu”, escreveu a publicação britânica. “Não vejam ‘Overcompensating’ à espera de uma comédia de uma ponta à outra; é um espetáculo encantador com uma alma sensível.”
Já o “Collider” elogia as dinâmicas entre personagens: “‘Overcompensating’ é muito mais do que a jornada de Benny para compreender a sua sexualidade; há também uma dedicação ao retrato despretensioso e confuso das amizades jovens. Os temas centrais da série, como a identidade, a autoaceitação e a honestidade, são todos sustentados pela linha da amizade, e o cuidado em retratar com precisão as relações florescentes entre almas jovens e perdidas é um dos maiores pontos fortes da série.”
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