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Tudo o que pode ver no Theatro Circo até abril

Da música à dança contemporânea, nos primeiros meses do ano há muito talento nacional e internacional na sala bracarense.
A icónica sala bracarense.

O Theatro Circo foi idealizado, pela primeira vez, em 1906 por um grupo de bracarenses, tendo sido inaugurado apenas em 1915. O espaço cultural, que conta com 100 anos de história, revelou à New in Braga os espetáculos e iniciativas culturais que vão marcar o panorama bracarense nos primeiros quatro meses do ano. Há projetos associados ao programa Braga 25, que detém este ano a Capital Portuguesa da Cultura, mas também uma maior “ambição” para chegar a mais públicos e colaborar com grandes criadores, nacionais e internacionais.

“É difícil fazer destaques, porque a verdade é que, ao longo do ano e, especificamente falando nestes quatro primeiros meses, o Theatro Circo conta com nomes de muita relevância. O que é um desafio ano após ano, porque temos uma sala difícil de encher porque é muito grande. Tentamos equilibrar aqui fatores que têm a ver com a popularidade dos artistas mas, ao mesmo tempo, tentamos dar palco a artistas que, por uma razão ou por outra, não são tão fáceis de programar”, começa por explicar à NiB, Luís Fernandes, da direção artística.

E acrescenta: “O exercício, passa, por um lado, por lançar o desafio a artistas que achamos que podem atingir e ter um impacto no público e, por outro, fazer estreias de artistas e tentar não repetir nomes, pelo menos, num espaço de dois a três anos, para não haver uma sobrecarga do público”, defende.

Para o responsável, um dos grandes destaques para o mês de fevereiro é a peça “No Yogurt for the Dead”, do encenador português Tiago Rodrigues, que passa pela sala principal com mais de 800 lugares, nos dias 27 e 28. Quando o pai de Tiago estava no hospital, nas suas últimas semanas de vida, era visitado regularmente por Teresa, uma voluntária que passava o seu tempo a conversas com pacientes, ajudando a combater a solução da doença. Um dia, o senhor pediu à jovem para lhe trazer um caderno e uma caneta, para escrever um livro sobre a sua experiência no hospital.

O livro tinha o título “No Yogurt for the Dead”. O pai de Tiago sempre odiou iogurte, mas começou a gostar quando se tornou parte da sua dieta diária. Após a morte do mesmo, Tiago abriu o caderno para ver o que teria escrito — mas eram só rabiscos. Teresa contou-lhe que o seu pai falava sobre o livro o tempo todo, querendo combinar a experiência no hospital com memórias da sua vida, particularmente o seu trabalho enquanto jornalista. Foi aí quando Tiago decidiu escrever esta peça, sobre um voluntário que ouve as histórias de um homem prestes a morrer e sobre o livro que nunca chegou a escrever. A peça tem início marcado para as 21h30, em ambas as datas.

Antes disso, dia 22, a dupla catalã Tarta Relena regressa a Braga para apresentar o seu mais recente álbum, “És pergunta”. Para Helena Ros e Marta Torella, naturais de Barcelona, o ponto de partida é o cancioneiro mediterrânico, onde a música coral é central, misturada com eletrónica e um jogo de palavras em loop, transformando esta antiga herança poética, numa obra-prima moderna.

O destaque de março vai para dia 7, com a apresentação de “Music for 18 Musicians”, uma das obras mais emblemáticas do repertório de Steve Reich. Os responsáveis pelo espetáculo é o coletivo Drumming GP, envolvendo também músicos de Braga, tratando-se de uma espécie de ensemble por músicos bracarenses em homenagem a uma das peças mais importantes do século XX. 

Outro destaque do mês vai para dia 15, com o regresso de Kathryn Joseph ao Theatro Circo. A atriz, performer, cantora e compositora está imersa no processo criativo de composição do seu quarto álbum, mas apresenta um desafio CINEX (cinema expandido), parte integrante do programa Braga 25 Capital Portuguesa da Cultura, com a composição e interpretação de uma banda sonora para o clássico atemporal do cinema alemão “Fausto”, de FW Murnau (1926).

Em abril, não pode perder nos dias 11 e 12, “Steal You for a Moment”, que junta em palco dois nomes incontornáveis da dança contemporânea: o português Francisco Camacho e a norte-americana Meg Stuart, onde escavam artefatos emocionais. Pela sala principal do espaço, passa a dia 5, um concerto em coprodução com a Culturguest e o Auditório de Espinho. Mark Eitzel volta a Portugal para apresentar o novo disco “Hey Mr Ferryman”, acompanhado por um octeto de cordas.

Os bilhetes para assistir a todos os espetáculos que passam pelo Theatro Circo já se encontram à venda online. Os preços começam nos 9€, mas quem tiver o Cartão Quadrilátero usufrui de 50 por cento de desconto.

Espreite na lista abaixo outras peças que vão marcar os primeiros meses do ano neste ex-libris bracarense. A programação pode ser consultada na íntegra, online.

Janeiro

Dia 27 — Exibição do filme “A História de Souleymane”, de Boris Lojkine (2024).

Dia 31 — Concerto de Sérgio Godinho & Os Assessores, para apresentar “Liberdade25”.

Fevereiro

Dia 1 — Concerto da artista catalã, Adelaida.

Dias 7 e 8 — “Os Literatos”, nova produção do Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga.

Dia 9 — Performance de música e dança no âmbito do programa “Zona Franca” com as artistas Vera Mantero e Susana Santos Silva.

Dia 15 — Visita guiada ao Theatro Circo.

Dia 21 — Concerto de piano de Mário Laginha, em homenagem a Carlos Paredes.

Março

Dia 8 — Concerto de Valter Lobo.

Dia 15 — Espetáculo infantojuvenil “O Duelo e Outras Histórias”, pelo Teatro do Bolhão e Joana Providência.

Dia 28 — Peça de teatro “Limbo”, de Victor de Oliveira.

Dia 29 — Concerto de Keeley Forsyth.

Abril

Dia 9 — Concerto de Tiago Bettencourt.

Dias 15 e 16 — Oficina “Teatro de Sombras”.

Dias 26 e 27 — Espetáculo de ópera “Il Trionfo del Tempo e del Disinganno” de George Friedrich Händel, pelo Teatro Nacional de São Carlos.

FICHA TÉCNICA

  • MORADA
    Av. da Liberdade, 697
    4710-251 Braga

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