A prática frequente de corridas evoluiu para um fenómeno social. Basta considerarmos que, na sua origem, era uma modalidade praticada essencialmente por atletas e militares. Entre 1960 e 1970, com a ascensão da cultura do fitness nos Estados Unidos da América e a popularização de eventos como a Maratona de Nova Iorque, a corrida começou a ganhar destaque entre o público geral.
Jim Fixx, autor do bestseller “The Complete Book of Running” (1997, O Livro Completo de Corridas, em português), explica como esta modalidade ganhou fama, sendo uma forma acessível de melhorar a saúde e a qualidade de vida, pelo menos no continente americano. Desde então, a prática do “running” tem continuado a crescer.
Ano após ano, são mais as pessoas que aderem à corrida, não apenas como uma forma de se exercitarem, mas também adotarem este estilo de vida. Tudo porque se trata de uma modalidade versátil e acessível, que não requer um grande investimento financeiro ou equipamento. Esta popularidade tornou-se global, ao ponto de inspirar a criação de grupos de corrida um pouco por todo o mundo.
O fenómeno já tinha chegado ao nosso País, com grupos de corrida no Porto, por exemplo. Agora, é a vez de Braga, que já tem a sua própria dinâmica. Diogo Marques, natural de Braga, sempre teve uma estreita ligação ao desporto, tendo praticado e jogado futebol durante alguns anos. Depois de uma pausa, a única forma que encontrou para se manter ativo era treinar frequentemente num ginásio. No início do ano, começou a interessar-se mais pelas corridas, sendo uma prática que faz regularmente durante a semana.
Por sua vez, Beatriz Santos também sempre teve uma ligação forte ao desporto, tendo praticado voleibol e natação. A jovem portuense mudou-se para Braga há um ano e, entre os estudos e o trabalho, perdeu o hábito da prática de exercício físico. Meses depois, começou a sentir-se pouco em forma e inspirou-se no pai, atleta que costuma frequentar as maratonas do País, iniciando-se no mundo das corridas.
“Conhecemo-nos através de amigos em comum e começámos a correr juntos com frequência. Os nossos amigos perguntaram-nos quando é que íamos criar um grupo de corrida em Braga, até porque chegámos a frequentar algumas vezes um grupo no Porto e reparámos que muitas pessoas iam de propósito para correr e conhecer novas pessoas. Foi aí que decidimos avançar com o nosso próprio grupo. Não que o Porto seja muito longe, mas ainda são pelo menos 40 minutos de viagem e sempre facilitamos a vida às pessoas ao ter um grupo bracarense”, começa por contar a dupla, formada em Comunicação pela Universidade do Minho, à NiB.
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A primeira corrida aconteceu no passado dia 15 de fevereiro. Os fundadores da Run It Club Braga admitem que na primeira corrida conseguiram juntar, pelo menos, 20 pessoas. Já na segunda, que decorreu no sábado passado, 1 de março, já apareceram 25 pessoas. Metade tinham estado presentes na primeira corrida, a outra metade eram pessoas novas.
“A nossa missão é convidar as pessoas a adotarem um estilo de vida mais ativo e saudável num ambiente divertido e descontraído. Que saibam que não têm de correr por obrigação. As vantagens de correr em grupo é que puxamos uns pelos outros, damo-nos força. E mesmo para quem está a iniciar-se, é um ambiente ótimo para o fazer, e se não podem correr por qualquer motivo, podem juntar-se a nós e fazer o percurso a caminhar”, defendem.
O objetivo do Run It Club Braga é proporcionar aos participantes um escape da rotina e da correria diária, com um momento de descontração aos fins de semana. A estratégia da dupla é registar todas as corridas com vídeos e fotografias partilhadas posteriormente nas redes sociais, para convidar mais pessoas a juntarem-se a este fenómeno. É ainda uma ótima oportunidade, não só para mexer o corpo, mas para fazer novas amizades.
Ao contrário de outros grupos de corrida do País, a dupla não quer “obrigar” à realização de corridas todas as semanas. “Não queremos que se torne uma obrigação e também consideramos que as pessoas merecem um descanso e uma folga. Por isso, estamos a pensar fazer três corridas seguidas e que, na quarta semana, seja fim de semana de folga”, explicam.

A corrida é, por enquanto, de cinco quilómetros e o percurso é estudado pela dupla durante a semana, para evitar trilhos com muitas subidas e descidas para que seja mais fácil, sobretudo para quem está a começar ou quem vá correr pela primeira vez. Por outro lado, Beatriz e Diogo pretendem realizar as corridas por diferentes spots da cidade e não se focarem apenas no centro de Braga.
“Nestas duas corridas tivemos muitas pessoas que vieram das periferias do concelho, portanto estamos a considerar realizar alguns percursos à volta do centro de Braga para facilitar a vida a todos”, admitem.
As corridas tanto podem acontecer aos sábados como aos domingos, de manhã ou à tarde. O melhor é estar atento às redes sociais do grupo, onde vão sendo sempre partilhadas as datas das corridas seguintes, bem como o ponto de encontro. A participação é completamente gratuita e no fim da corrida há sempre um momento para o grupo se juntar em algum café ou spot da cidade.
“É também a nossa forma de apoiar o comércio local. A nossa ideia é fazer crescer este projeto e até realizar parcerias com espaços da cidade, mesmo que não estejam relacionados com o mundo do fitness, apenas para criar aqui uma grande troca de sinergias e experiências”, concluem.